Homilia para o 1º Domingo do Advento - Ano C
1º Domingo do Advento C
Neste 1º Domingo do Tempo do Advento, a Palavra de Deus apresenta-nos um convite à vigilância, porque vai chegar Alguém.
É o Senhor jesus Cristo ressuscitado que vai percorrer mais uma vez os nossos caminhos humanos, feito peregrino das nossas esperanças. Vem dar sentido ao tempo, encher a nossa história. Vem unir extremos, que nEle se tocam e reconciliam: o humano e o divino, o princípio e o fim.
Nós acreditamos em Jesus Cristo, como nosso Salvador e o Filho de Deus. E todos reconhecemos que já aderimos pela fé a Ele, mas também sabemos, sem enganos que ainda não abrimos de par em par as portas do nosso coração a Jesus. E é uma verdade inegável que nós nos servimos mais dEle do que Ele de nós.
Hoje iniciamos um tempo novo que é o Advento, trata-se de um tempo para celebrar o mistério cristão. Este tempo prepara-nos para o nascimento de Jesus. Um Deus que se fez homem, que vem habitar no meio de nós, e que continua a querer fazer parte da nossa vida e ser a solução para os nossos problemas e sofrimentos.
Um Deus que nos pede para entrar na nossa vida, como um dia entrou na vida de Maria ao bater-lhe à porta para nela encarnar e se fazer homem, e continua hoje a bater à porta da nossa vida, para encarnar na nossa vida pessoal, familiar e social, mesmo correndo o risco de ela não se abrir, da campainha não ser escutada no barulho que fazemos e somos, onde vozes e toques mais fortes fazem com que Jesus fique de fora da nossa vida e não seja escutado nem levado a sério.
Mas Ele continua a bater na esperança de que lhe abramos a porta do nosso coração e da nossa vida. Cuidado com as nossas distrações. Deus anuncia que é fiel às suas promessas e não se esquece de nenhum de nós. Por isso afirma pelo pela voz do profeta Jeremias que vai enviar-nos um “rebento” da família de David.
A sua missão será concretizar na nossa vida e no nosso mundo esse desejo sonhado de justiça e de paz: fecundidade, bem-estar, vida em abundância, que são os frutos da ação de Cristo nas vidas de quem lhe abrir a porta.
Jesus quer vir hoje ao nosso mundo, como à dois mil anos, em resposta à nossa miséria, ao nosso clamor de oprimidos. Como há dois mil anos, também nós continuamos hoje a precisar muito de Deus para nos libertar do nosso cativeiro de ódios e injustiças, das nossas dores e sofrimentos, das nossas preocupações e opressões que são tantas.
Continuam a existir nos nossos dias tantos falsos messias enganando com promessas ilusórias e paraísos perdidos.
Neste tempo do Advento, Deus pede-nos, através de S. Paulo, para estarmos atentos, para não suceder que os nossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguês, a violência, a distração.
Este é um sério aviso para nós que vivemos preocupados com a materialidade. No tempo de aparente fartura vivemos iludidos e dispensámos Deus, no tempo de austeridade gritamos. Somos uma sociedade agarotada, brincando e vivendo na superficialidade das coisas e dos problemas. Vivemos distraídos com soluções enganosas e esquecemos a Solução que nos está a bater à porta: Jesus Cristo.
Gostamos muito de nos iludirmos e a nossa história confirma-o. Preferimos distrair-nos e iludir-nos com salvações provisórias, na tentativa de nos salvarmos com as coisas e estamos a destruir-nos com essas coisas. Como diz S. Paulo: sabemos que a embriaguês deixa sobreviver o homem, mas não o deixa viver uma vida digna de filho de Deus e de homem honrado.
Eis a razão porque Jesus no Ev. nos adverte para levantarmos a cabeça e nos colocarmos com a Igreja em marcha, fazendo um caminho de esperança e de libertação. Libertação dos nossos vícios e tambolhos que nos deixam presos à terra. Do fundo dos nossos cansaços, no peregrinar das nossas buscas, o universo das coisas e dos homens espera ansioso o Redentor prometido. Tudo o que acontece, anseios e desilusões, chamam por Cristo. A passos de gigante, vem caminhando ao nosso encontro a hora. Tudo se encaminha para Cristo e tudo acontece em seu nome.
Aquele que procuramos e esperamos já anda connosco, no meio de nós a anunciar a todos os que se sentem prisioneiros: “alegrai-vos, a vossa libertação está próxima. O mundo velho a que estais presos vai cair e, em seu lugar, vai nascer um mundo novo, onde conhecereis a felicidade e a vida em plenitude.
Estai atentos, a fim de acolherdes o Filho do Homem que vos traz o projeto desse mundo novo”. É preciso, no entanto, reconhecê-l’O, saber identificar os seus apelos e ter a coragem de construir, com Ele, a justiça e a paz. Por isso, não nos instalemos na mediocridade e no comodismo, mas a esperar numa atitude ativa a vinda do Senhor. É fundamental, nessa atitude, a vivência do amor: é Ele o centro do nosso testemunho pessoal, comunitário e eclesial.
Este é o tempo de repensar vidas e caminhos, tempo de preparar a Vinda do Salvador. O Verdadeiro – Jesus Cristo.