Desafios Pastorais da família, no contexto da Evangelização
"Os desafios pastorais da família,
no contexto da evangelização"
Definição de família:
A família é um grupo social no qual os membros coabitam unidos por uma complexidade muito ampla de
relações interpessoais, com uma residência comum, colaboração económica e no âmbito deste grupo existe a função da reprodução.
Assim, a família é considerada como sendo o primeiro grupo humano organizado e como unidade-base
da sociedade.
Definição de família
segundo a Igreja Católica
A Família é compreendida como sendo a célula vital da sociedade, primeira sociedade
natural, fundada no matrimônio (um vínculo perpétuo entre um homem e uma
mulher), santuário da vida, a quem é atribuída uma tarefa educativa que é
direito dos filhos, é protagonista da vida social e deve ter a sociedade ao seu
serviço.
A família é importante para a pessoa e para a
sociedade, é no âmbito da família que o homem recebe as primeiras noções do bem
e da verdade, aprende a amar e ser amado e o significado de ser pessoa. De outro
tanto, sem famílias fortes na comunhão e estáveis no seu compromisso, os povos
se debilitam e é no seu âmbito que se dá a aprendizagem das responsabilidade
sociais e da solidariedade. (Catecismo, nº2197 a 2257).
Também é afirmada a prioridade e precedência da
família em relação à sociedade e ao Estado. Na sua função
procriadora a família é mesmo condição de existência da própria sociedade. A
legitimação da família está fundada na própria natureza humana e não no
reconhecimento da lei civil. Ela antecede ao próprio Estado, por isso ela não
existe em função do Estado, antes o contrário a sociedade e o Estado é que
existem para a família. Nas suas relações com a família o Estado tem o dever de
ater-se ao Princípio da Subsidiariedade, não lhe subtraindo as tarefas
que pode realizar sozinha ou associada a outras famílias e tem o dever de
apoiá-la garantindo-lhe os auxílios necessários para que possa bem cumprir as
suas responsabilidades. (Familiaris Consortio, nº 472)
O Evangelho da família; as situações familiares difíceis; a educação para a vida e na
fé no núcleo familiar: são as três áreas em que se desenvolve o "Instrumentum
Laboris" documento de trabalho para o Sínodo Extraordinário sobre a família. (outubro
- e que será uma primeira assembleia que preparará o Sínodo Ordinário de 2015).
A primeira parte deste
instrumento de trabalho chama-se "Comunicar o Evangelho da família hoje"
e reitera antes de mais o "dado bíblico" da família, baseada no
matrimónio entre homem e mulher, criados à imagem e semelhança de Deus e
colaboradores do Senhor no acolhimento e transmissão da vida.
Uma reflexão específica é
dedicada à dificuldade de compreender o significado e o valor da "lei
natural", colocada na base da dimensão esponsal entre o homem e a mulher.
Para muitos, "natural" é sinónimo de "espontâneo", o que
comporta que os direitos humanos são entendidos como a autodeterminação do
sujeito individual que tende à realização dos próprios desejos.
Um outro grande desafio
indicado pelo texto é a privatização da família,
que já não é entendida como um elemento ativo da sociedade e a sua célula
fundamental. Por esta razão, é necessário que os núcleos familiares sejam
tutelados pelo Estado e recuperem o seu papel de sujeitos sociais nos
diferentes contextos: trabalho, educação, saúde, defesa da vida.
A segunda parte do
documento tem como tema "A pastoral da
família diante dos novos desafios". São muitas as
situações críticas que a família deve enfrentar hoje: fraqueza da figura
paterna, fragmentação devido a divórcios e separações, violências
e abusos contra as mulheres e crianças, tráfico de menores, drogas,
alcoolismo, dependência do jogo a
dinheiro e também a dependência das redes sociais que impede o diálogo
em família e rouba o tempo livre para as relações interpessoais.
O documento sinodal
destaca também o impacto do trabalho
sobre a vida familiar: horários extenuantes, insegurança no emprego, flexibilidade
que envolve longos trajetos, ausência do repouso dominical dificultam a
possibilidade de estar juntos, em família.
O documento enfrenta,
depois, as situações pastorais
difíceis e sublinha que a coabitação e as uniões de facto são muitas
vezes devidas a uma deficiência de formação sobre o matrimónio, a perceção
do amor apenas como "um facto privado", o medo do empenho
conjugal entendido como perda da liberdade individual.
O documento dedica também
uma grande parte às "situações de
irregularidade canónica", porque as respostas recebidas estão sobretudo
focalizadas nos divorciados e casados novamente. Em geral, põe-se em destaque o
número consistente daqueles que vivem com "negligência" de tal
condição e não pedem, portanto, para se aproximarem da Eucaristia e da
reconciliação. Em certos casos, algumas Conferências episcopais pedem novos
instrumentos para abrir a possibilidade de exercer "misericórdia,
clemência e indulgência" para com as novas uniões.
O instrumento de trabalho
mostra que, para as situações difíceis a Igreja não deve assumir uma atitude de
juiz que condena, mas a de uma mãe que sempre acolhe os seus filhos,
sublinhando que "não aceder aos
sacramentos não significa ser excluído da vida cristã e da relação com Deus"
A propósito das uniões entre pessoas do mesmo sexo, põe-se em evidência
que todas as Conferências Episcopais dizem não à introdução de uma legislação
que permite tal união "redefinindo" o matrimónio entre homem e
mulher. Pede-se, contudo, uma atitude respeitosa e de não-julgamento em relação
a estas pessoas, enquanto se destaca a falta de programas pastorais a este
respeito, uma vez que se tratam de fenómenos recentes.
A
terceira parte do documento tem como título "A abertura à vida e à
responsabilidade educativa" - aí se faz notar, antes de mais,
que é pouco conhecida na sua dimensão positiva a doutrina da Igreja sobre a
abertura à vida da parte dos esposos, pelo que é considerada como uma
ingerência na vida do casal e uma limitação à autonomia da consciência. Daqui a
confusão que se cria entre os contracetivos e os métodos naturais de regulação
da fertilidade. Relativamente à profilaxia contra a sida, é necessário que a
Igreja explique melhor a sua posição, também para contrastar algumas "reduções
caricaturais" dos meios de comunicação e para evitar reduzir o problema a uma
mera questão "técnica", quando na realidade se trata de "dramas que marcam
profundamente a vida de inúmeras pessoas.